Ontem foi a final do Campeonato Brasileiro com o Flamengo virando hexacampeão ao derrotar o Grêmio por 2X1.Não sou, eufemisticamente falando, ligada em futebol mas mesmo assim aceitei a oportunidade de me unir a duas amigas entusiastas para " assistir" ao jogo.Meu interesse em futebol não é esportivo e sim antropológico.Sendo brasileira, carioca e portanto tendo respirado os ares futebolíticos desde cedo, me encanta e me intriga essa paixão nacional.
Mesmo não sendo de uma família de grandes torcedores, não tive como permanecer totalmente incólume, vários acontecimentos contribuíram para que o futebol ficasse marcado na minhas memórias afetivas da infância.Primeiro teve aquela visita da escola ao Maracanã, antes mesmo da alfabetização.Teve também meu pai me levando ao Maracanã, ainda criança, pra assistir o jogo sentadinha numa almofadinha tricolor que depois guardei por muito tempo.Depois sei-lá-quem me deu de presente uma bandeira do América Futebol Clube que se tornou um brinquedo pra mim, e dos preferidos.E saía pelas ruas, mesmo sem ser torcedora, sacudindo a bandeira sem ter muita noção do que estava fazendo.E me lembro até hoje, mesmo com muitos anos passados, da simpatia que angariava pelo caminho.( Não tem quem odeie o América, aparentemente o time não tem inimigos...Lembro bem que o pessoal me achava engraçadinha com a bandeira, supostamente uma fervorosa torcedora do América de menos de 4 anos.) Tinha também a graça especial dos porteiros, que sempre ouviam os jogos nos radinhos de pilha ( José Carlos Araújooooo! Cheguei!!! Fiu-fiu! Radio Globobobobobobooooo!), do maravilhoso CANAL 100 que nos envolvia nos cinemas...Os mais novos não podem se lembrar, mas antigamente, qdo se ia ao cinema, antes do filme sempre passava o Canal 100, um breve documentário sobre Futebol.Era uma experiência e tanto: no escurinho do cinema, ouvir aquelas vozes envolventes dos locutores- que davam o recado sem parecer desvairados-mesclada à música brasileira.O Maracanã parecia, aos meus olhos de criança, um templo de proporções majestosas...com a música e a imagem-frequentemente em câmara lenta- nos colocando no centro do gramado, fazendo sentir toda a vibração da torcida, a quase chutar a bola junto com os craques.
Ainda hoje há postagens do saudoso Canal 100 no youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=cwgk-uuirbA
Pode até ser que meu envolvimento emocional me impeça de ver a realidade nua e crua, mas teimo em achar que o futebol daquela época tinha mais graça do que hoje em dia.Não só o futebol, mas todo o entorno.Era um futebol musicado,uma verdadeira iguaria para se deliciar em câmara lenta como um chocolate do bom que a gente deixa derreter na boca sem mastigar...
Um futebol que se fundia muito bem à música brasileira e ao qual os locutores de uma era pré-Galvão Bueno ( mil blerghts! ) adicionavam um charme especial.Até aqueles uniformes agora retrôs eram mais charmosos do que o calção enorme de hoje em dia...
Ontem vi nas ruas da Zona Sul uma festa moderna, quase uma Copa do Mundo.Uma juventude dourada com componentes do sexo feminino em peso, coisa bem mais rara nos anos 70 e 80.Hoje tenho impressão que futebol deixou de ser coisa exclusivamente de homem.Mas ainda tenho minhas dúvidas se 100% das mulheres uniformizadas que vi ontem tiveram esse interesse gerado por acharem interessante o esporte em si, pelo lado técnico, tático, esportivo...ou se o interesse delas está diretamente ligado a compreender e acompanhar a "homarada", em não ficar de fora, em não aceitar o " Clube do Bolinha".Afinal, nos primórdios que testemunhei, futebol e assistir jogo em estádio ou mesmo em bares e nas ruas, era apenas coisa de homem.Poucas mulheres iam, poucas mulheres torciam...e sobretudo essas poucas não gritavam como os homens, não xingavam o juiz, não pareciam fora de si.
Hoje em dia deu uma igualada e as vezes acho até que as mulheres estão indo longe demais e até perdendo o tom.Semana passada, com Campeonato Brasileiro rolando, fui ao Jobi, um tradicional bar do Leblon.Tinha um jogo rolando e acho que era do Fluminense, mas isso bem pouco me interessava.Mas havia uma mesa unicamente composta de meninas dos seus 18 anos, todas super femininas, super-Patricinhas, todas maquiadas e produzidas, que estariam supostamente acompanhando o jogo com muito mais interesse e testosterona do que os marmanjos.Era curioso porque nas mesas masculinas os lances arriscados eram acompanhados de forma muito mais contida.As meninas se descabelavam, pulavam mais do que pipoca em óleo quente e gritavam fiiiiiiiiiiiiiino, ai! ( Me dando vontade de ir lá descabelá-las mais ainda.)Por vezes reparei a cara dos homens, tirando os olhos do telão e voltando-os para a algazarra das mocinhas.Eu pergunto: será que esse batuque todo era por mero e genuíno espírito esportivo ou as mulheres da novíssima geração descobriram um novo artifício para encantar os homens?!
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Que bonito é...
Postado por
Taimemoinonplus
às
12/07/2009
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