Reza a lenda que a minha mãe, no curto espaço entre o falecimento súbito e inesperado de meu pai e o enterro, achou tempo de ir à manicure pela segunda vez na mesma semana. Estava em estado que choque, tinha ficado até sem voz, mas deu um jeito. O que não poderia conceber era ser uma viúva de longas unhas escarlate. A ocasião pedia sobriedade.
Herdeira incontestável do DNA materno, já perambulava saltitante em salões de beleza desde a mais tenra idade, apenas me contendo de sair mexendo nos incontáveis frascos coloridos pelo efeito paralisante do olhar de minha mãe.Anos mais tarde, adolescente roedora de unhas, fui reabilitada graças a duas idas semanais à manicure, para retirada de qualquer anteprojeto de cutícula que pudesse sonhar em aparecer.
Com tal histórico, me viciei gravemente. Frequentei até ano passado, sempre com fervor e regularidade religiosas. Nem em meu sonho mais delirante poderia supor que me tornaria a mulher de hoje: prestes a completar um ano sem fazer as unhas e indizivelmente satisfeita com isso.
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