Texto sensacional e super oportuno da Carol, do blog Small Fashion Diary:


Muito tem se falado sobre a nova síndrome que desponta na juventude conectada: FOMO. Fear of Missing Out (medo de ficar por fora). Aquele sentimento de angustiante onde todo jovem tem a urgência de participar de todos os eventos, incluir-se em todas as badalações, conhecer todos os lugares, ter todas as roupas, saber de todos os assuntos, frequentar todas as festas e não perder absolutamente nada do que os outros falam, postam ou vivem. Se por um lado isso alimenta uma certa quebra na inércia típica de uma juventude apática, acostumada a ficar sentada no sofá assistindo TV, por outro lado nos leva a um desespero de viver, tão grande e exaustivo, que é difícil ter tempo (e saúde) para cumprir todos os “compromissos” inadiáveis que a vida nos oferece e pior, é mais difícil ainda tentar acompanhar o ritmo dos outros ao invés do nosso. (sim, eu já tentei acordar às 5 da manhã pra correr, igual a Carol Buffara. Não deu. -.-')

Esse “medo estar por fora do que tá rolando” faz com que nenhuma experiência seja realmente vivida sem uma boa dose de ansiedade/desespero. Toda a experiência é fotografada, tratada e postada no instagram, mesmo que a festa, o evento, a exposição, a comida, o lugar, sejam uma bosta, mesmo que você acorde pra correr e só consiga fazer 2km, chorando. Esse movimento do “sou mais feliz/foda que você” só gera ansiedade para quem assiste de camarote e para quem, depois de postar, continua não vivendo o momento, mergulhado na espera do próximo like. Quando eu descrevo esse fenômeno, me incluo nele. Escrevo com a propriedade de quem posta o que vive todos os dias por que, por momentos, acredito que serei mais feliz compartilhando minha felicidade. É uma necessidade egocêntrica que a gente desenvolve e nem sabe como. É quase um transtorno que custa a controlar, principalmente quando essa tal felicidade só nos parece verdadeira e palpável quando é tornada pública. Toda foto gera uma expectativa, todo por do sol é visto pela câmera do iphone, toda foto espontânea com as amigas é ensaiada, e aí o barco atravessou o mar, o sol desceu no horizonte, a risada mais gostosa foi perdida, e eu não vi passar. Você não viu passar. E o que nos vai restar são alguns backups esquecidos, de lembranças editadas. 

Talvez o caminho seja desenvolver uma nova síndrome que equilibre nosso "egosistema": NOMO.Need of Missing Out. Criar a necessidade de perdermos a foto perfeita, perder a pose, perder a noção do tempo, perder até o sinal do 3G, para viver de verdade. Para acabar com a angústia de viver para o olhar dos outros como vitrines ambulantes, para ser feliz com o dia desbotado, ou encontrar prazer numa faxina no quarto, ou passar o sábado à noite de pijama, assistindo netflix. Essa necessidade de “sumir” de tudo pode fazer com que os outros pensem que você não sabe viver, não participa, está ausente, está triste, ostracizada, mas a verdade é que, ao nos desligarmos um pouco dos outros, podemos fazer companhia a nós mesmas e encontrar um pouco de silêncio num mundo de imagens tão barulhentas e filtros ultrassaturados.

Enquanto todo mundo grita sua própria alegria, nós podemos silenciar a nossa e saborear secretamente a euforia de sermos imensa e plenamente felizes em nossos casulos, comendo pipoca de microondas. Podemos olhar sem filtros, sem hashtags, sem encaixotar a vida nas molduras quadradas do instagram. É, de vez em quando é bom perder “isso tudo que está acontecendo”, é bom manter alguns momentos intactos, mesmo que seja só de vez em quando. Quando a bateria acaba ou o sinal do 3G cai sem prazo pra voltar.  :)

O fim de semana vem aí. Let's miss out?

Beijos, Carols

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