Em defesa da raposa




Se tem uma coisa que já aprendi ( de forma racional, todavia há comumente uma defasagem entre o que se pode concluir racionalmente e o momento de queda definitiva da ficha emocional correspondente), foi parar de achar que o capim é sempre mais verde do outro lado da cerca.No entanto, isso requer um esforço consciente e constante pois parece que tem algo no DNA humano que nos faz, por instinto, salivar pelo capinzinho, mesmo ralo, do outro lado da cerca.Uma espécie de história das raposas e das uvas ao contrário: "Se não consigo alcançar o diacho das uvas, é porque devem estar danadas de boa mesmo, nham nhaaammmm!" E à vezes isso nos deixa tão sideradas que faz com que, por algum miserável mecanismo inconsciente boicotador, a gente visualmente foque um capim ralo e queimado pelo sol e o cérebro processe a imagem de um belo capim verdejante.Muitas vezes a imagem final não tem xongas a ver com a realidade, é profundamente alterada pelo filtro tortuoso da emoção.E pra isso não há lógica e bom senso que nos acudam!




A raposa da fábula, sempre tão criticada, na verdade demonstra ter um comportamentopra lá de benéfico à própria saúde mental.Pulou, se esfalfou, arquitetou todos os planos que pôde mas não conseguiu alcançar as uvas.Pelo próprio bem, resolveu pensar " as uvas estão verdes."Vejam bem, se a raposa passasse pelo cacho de uvas, não se sentisse capaz de pegá-las e desistisse sem ao menos tentar, eu não estaria aqui em sua defesa!Mas não, vamos dar a César o que é de César:ela deu o melhor de si, chegou ao máximo do seu esforço e não conseguiu, então muito sábia sua atitude de ir adiante, confiante de que existiriam muitas outras uvas apetitosas pelo caminho.Mesmo porque todos nós sabemos que até uvas aparentemente apetitosas podem ter um gosto bem ácido...então pra que sofrer, lamentar, comer um pote de Nutella na cama vestida com calcinha e camiseta velhas, ligar choramingante pra uma amiga?! Isso pode se aplicar a tudo na vida, mas geralmente é no campo afetivo, qdo as mulheres inteligentes emburrecem e se encasquetam com uvas que não conseguem pegar.Ou com uvas oscilantes, daquelas que aparecem de 15 em 15 dias, ligam no meio da semana e depois desaparecem por fins de semana a fio....e qdo já estão sendo esquecidas mandam aquele torpedo bobo sem pé nem cabeça pra dizerem que estão vivas.


Nunca vi mulher alguma dizer que as uvas estavam verdes ou contaminadas por agrotóxicos! Ou que talvez, pensando bem, que sorte não tê-las comido porque são uvas de Chernobyl!!!!! Ufa!!!! Pelo contrário: é capaz até da mulher querer convencer a si própria e às amigas que acaba de não conseguir o mais suculento cacho de uvas jamais visto desde as festas do Deus Baco.Canso de ouvir verdadeiras odes à determinadas uvas que francamente, tanto pela aparência como sobretudo pelas atitudes, deviam ser tão valorizadas por elas como uvas da entresafra em fim de feira...mas, como estão do outro lado da cerca, inatingíveis, são tratadas como uvas especiais a serem arrematadas num leilão milionário da Sotheby's!!!!
Pra mim a velha raposa felpuda é que sabia das coisas... uma verdadeira vanguardista incompreendida do conceito de inteligência emocional!






1 comentários :

*Patrícia* disse...

Arrasou!!!!!!
Adorei! Reflexão é o que há! Muito boa essa sobre a raposa! O final então, excelente!