Educação Sentimental

Volta e meia fico me perguntando...pq Educação Sentimental não é matéria ( obrigatória) nas escolas?Se ensinam Matemática, Geografia, Português por considerarem matérias importantes na formação pessoal e posteriormente profissional do indivíduo, porque raios até agora nunca sequer se cogitou - que eu saiba-em aulas de Educação Sentimental nas escolas?! Ou mesmo cursos livres de Educação Sentimental (putz, consideram que saber Inglês é mais importante do que Educação Sentimental?!)

Certamente que há tambem uma dificuldade de ordem prática: é muito mais fácil mensurar os conhecimentos e avaliar o currículo de um candidato a professor de Matemática/ Português/etc do que de um professor de Educação Sentimental.Como deveria ser a formação acadêmica/prática de alguém assim? Que curso superior, estágios, que especializações, referências pessoais da mulher, dos filhos?!rs

Assim como mesmo quem vai cursar Direito ou Psicologia precisa de noções mínimas de Matemática, quem escolhe ciências exatas não pode prescindir de um mínimo de ciências humanas na sua formação.Em qualquer ramo de atividade profissional ou pessoal, a verdade é que todo mundo, sem exceção, precisa de educação sentimental.Quem não se relaciona? E não estou falando apenas de relacionamento romântico/sexual não, a educação sentimental também engloba as amizades, as atividades profissionais e sociais em geral, em suma: a vida social.

Todo mundo que tem sentimentos precisa de educação sentimental, até freiras num convento e padres em suas paróquias! Até o Unabomber, aquele professor universitário amalucado que foi viver recluso numa cabana isolada sem água e nem eletricidade lá nos confins do estado de Montana e depois se tornou conhecido mundialmente por suas cartas-bomba, se beneficiaria imensamente da ES.

Enqto ES não vira matéria de escola, temos que ser auto-didatas, é o jeito! E tentarmos ajudar o máximo de pessoas que pudermos! ( Sem sermos chatos, sem-noção e nem intrometidos, claro.) Eu, por exemplo, aprendo muito de ES com minhas amizades mais próximas.Por meio do " estudo" de exemplos alheios se pode aprender muito! O outro pode nos servir de espelho para que possamos perceber comportamentos semelhantes ou surpreendentemente iguais em nós mesmos.Num ambiente privilegiado de uma amizade sincera, podemos ter a licença poética de darmos e recebermos bordoadas terapêuticas, de dizer aquilo que pode não ser agradável de se ouvir, mas que é tão necessário ao crescimento do outro.Serei eternamente grata aos meus amigos e amigas que, ao contrário de ficarem "passando a mão na minha cabeça", tiveram o destemor de falar dos meus equívocos.Posso dizer sem falsa modéstia que fiz meu máximo para retribuir à altura.E que pretendo continuar nessa onda.

Ajudaria muito se os nossos pais e familiares começassem a nos ensinar as noções preliminares de ES em tenra idade.As historinhas infantis seriam úm ótimo meio para tanto ( e no entanto, pelo menos no meu tempo, ainda ficavam com aquelas tão contraproducentes sentimentalmente
histórias de Branca de Neve, Bela Adormecida, Gata Borralheira....ppffff!) A verdade é que muitos pais e mães sabem bem pouco de ES e portanto se aprenderia mais pela observação deles do que pela identificação/ repetição de seus comportamentos.

Sou da turma que defende a Psicologia pra valer.Pela via visual ( lendo e observando comportamentos), pela via auditiva/verbal ( fazendo análise, conversando, ouvindo podcasts...), por osmose ( procurando se cercar de gente que tem algo a ensinar nesse tema,lendo antes de dormir e adormecendo com livros de psicologia apoiados na barriga....rs), todos os meios são válidos para se aprender sobre o tema, e sempre rende frutos, maiores ou menores.As vezes o conhecimento causa grandes caídas de ficha, grandes insights, grandes percepções, grandes cortes epistemológicos...mas nem sempre.Mas insight-zinho já tá valendo, já é lucro, oba!


Sempre me interessei pelo assunto pq percebi que a forma de pensar e sentir distingue muito as pessoas.As vezes separa e as vezes aproxima.Esperei meus 18 anos pra começar a primeira terapia ( antes dos 18 se precisa da autorização dos pais, pelo menos era assim naquela época.) Não me considero nenhuma sumidade no tema, mas olhando o meu ponto de partida láaaaaaa atrás até que já aprendi um bocado.


É uma pena que normalmente não se dê tanta atenção ao tema, parece que Psicologia é assunto supérfluo.Qdo comecei a fazer terapia me perguntaram se eu não tinha amigos...pq eu precisaria pagar alguém pra me escutar?Ora bolas, análise é um serviço profissional e sobretudo aos 18 anos, o que sabem da vida pra te ajudar em questões profundas seus coleguinhas de 18 anos?! Hoje não tenho mais coleguinhas de 18 anos, mas já tive gente com uns 40 anos a mais de 18 me dizendo que é muitas vezes melhor investir numa viagem à Europa do que em auto-conhecimento.( Afe!) Já trombei com gente que visivelmente precisava de terapia num mais absoluto processo de negação dizendo que não tinha problemas! ( Sem falar que geralmente metendo o malho nos terapeutas, dizendo que são todos uns loucos cheios de problemas pessoais e justamente por isso foram estudar Psicologia, que todos os analistas dormem ou fazem suas listas de supermercado durante a sessão e coisas assim...Ora, falar que todos os terapeutas são uns incompetentes é tão absurdo e idiota como dizer " Todos os homens são canalhas" ou " Mulher nenhuma presta, só mamãe!".Francamente...)


As pessoas em geral parecem muito mais atentas à questões de ordem objetiva e, no entanto, qdo entravamos em alguma coisa em nossas vidas, há grandes chances que se tratem não de assuntos objetivos e sim de assuntos emocionais.( e não estou falando só de namoro e congêneres, é lato sensu: relação com pais, com irmãos/irmãs, amigos, conhecidos, relações profissionais, relações de vizinhança,relações sociais as mais variadas...Muitos aspectos objetivos dessas relações encobrem outros pra lá de emocionais, muitas vezes de forma inconsciente.E agimos ao sabor do que nem sequer identificamos bem...


Flávio Gikovate é um dos psicólogos que admiro.Posso não concordar com todas as vírgulas do que ele diz, mas ele sempre me faz refletir.Atualmente ele tem um programa semanal na rádio CBN ( No Divã

do Gikovate) e dá pra ouvir todos os programas antigos por podcast no site da rádio.Muita gente tem preconceito com atendimentos psicológicos do tipo carta/telefonema dos leitores/ouvintes porém acredito piamente que isso tem o seu valor.Nem todo mundo tem tempo, dinheiro ou possibilidade para procurar terapia ou se dedicar a ler mais sobre os temas por conta própria.Muita gente não tem amigos com quem pode verdadeiramente se abrir em questões mais profundas.Muitos amigos aliás, nem saberiam como ajudar...então os programas de rádio sobre temas psicológicos tem o seu alcance.O programa dele é em geral longo ( dura cerca de meia hora) tem um tema principal mas os ouvintes podem perguntar dúvidas não relacionadas ao tema principal.Selecionei para vocês um podcast com o título de " Existe mesmo inveja entre os sexos?" e não se assustem com o título.Ele fala de forma concisa sobre isso e parte logo para responder, de forma bem clara e objetiva, a perguntas variadas e interessantes dos ouvintes.



http://cbn.globoradio.globo.com/programas/no-diva-do-gikovate/2009/12/06/EXISTE-MESMO-INVEJA-ENTRE-OS-SEXOS.htm

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