Should I stay or should I go? ( Parte 1)

Era uma vez 3 (três, trois, three,é isso mesmo!) homens insatisfeitos em suas relações amorosas, avaliando e se perguntando se não seria melhor mesmo terminar, todos pesando os prós e os contras de partir ou de ficar.

Não tenho indício algum para me considerar uma especialista em relacionamentos e menos ainda no términos deles, mas achei o tema interessantíssimo e decidi me aventurar.Possivelmente dará panos pras mangas e será tema para uma série de posts.


Quando estamos num relacionamento afetivo, convenhamos, é difícil mesmo manter a objetividade.Relacionar-se é colocar as subjetividades própria e alheia uma diante da outra e dizer: “ cheguem a um consenso!”.

Há vários diferentes níveis de dificuldade em se tentar ser objetivo com as subjetividades, variando de "difícil" até “ humanamente impossível.” Isso não impede que a gente tente, mas sem perder de vista que ser racional e cartesiano demais em temas assim ( ou meramente acreditar que se pode sê-lo) é a mais absoluta temeridade.Não podemos desconsiderar os sentimentos que muitas vezes surgem sem serem chamados e não vão embora prontamente quando mandados, parecem ter vida e vontade próprias.

Algumas vezes foi diante de uma folha de papel que cheguei à conclusão que terminar seria a solução mais-indicada ( apesar de todo término ter contra-indicações...)Por conta dessa perda de objetividade natural qdo estamos emocionalmente envolvidos, achei que pegar uma folha de papel, fazer um traço vertical bem no meio e tentar preencher de um lado com os prós e de outro os contra poderia ajudar numa decisão razoavelmente sensata.Esse expediente me ajudou algumas vezes, mas cabe uma advertência: não é de tão fácil execução.

Preencher a lista já certamente dará um considerável trabalho (é imprescindível ser muito sincero consigo mesmo e parar pra refletir sobre coisas que possivelmente não se deu conta antes.), mas o difícil mesmo é saber pontuar adequadamente os itens da lista.Que peso dar pra cada item?!Roncar vale quantos pontos?E saber e gostar de cozinhar e de comer!?E ser do tipo que não liga pra comida? E traição?E fidelidade?E estar acima do peso?E ter um corpo maravilhoso?Usar drogas?Ser esportista? Fumar?Ser inteligente? Ter cultura/não ter?Ter pouco tempo para o parceiro?Ser apaixonado?Ser pão-duro?Ser pobre? Ser rico? Ser provedor?Beleza pontua qto?( Um amigo tem uma ótima teoria segundo a qual beleza conta muito na aproximação mas com o tempo o parceiro acostuma e já não " baba" tanto pela beleza alheia.) Ser ciumento?Não ter ciúme algum?E ter uma química sexual muito boa?E não ter vida sexual?E ser briguento? E ser pacífico? E ser de rompantes? Ser tolerante?Ser arrogante? Ser acomodado?Ser burro?Ser verborrágico?Ser de uma ou várias classes sociais abaixo ou acima? Ser ensimesmado demais?E querer ter filhos logo? Querer ter filhos depois? Querer casar logo? Nunca querer casar?Estar sempre de bom humor? Estar sempre de mal-humor?Ter drásticas alterações de humor?


Obviamente relacionamentos não são ciências matemáticas, é tudo profundamente subjetivo e nenhuma outra pessoa atribuiria os valores aos itens da forma como vc faz, aliás nem listaria os prós e contras que vc anotou.Pra complicar mais ainda, podemos ter 99 contras que são compensados por um único e poderoso pró.Ou 10 prós que perdem o valor qdo confrontados com um só CONTRA.

Geralmente, se vc está pensando em terminar um relacionamento, entenda que a maioria das pessoas é conciliadora, conservadora e talvez tenham assistido demais sessão da tarde nos tempos de colégio. Ou então, as pessoas tem medo de dizer “ larga esse idiota que ele não merece o prato que come!” por medo de estar cometendo uma injustiça ou por medo de estarem dizendo uma enorme verdade da qual vc ainda não está suficiente convencida e portanto irá voltar atrás na decisão, ficar na relação, e onde a pessoa que fez tão bombástica declaração vai enfiar a cara depois?! É sempre perigoso.

Como viver é mesmo perigoso, eu já ousei dizer com todas as letras para uma ex-amiga: “ Dessa vez ele quebrou a sua casa, seu telefone, o tampo da sua mesa de vidro...Se vc volta pra esse homem, um dia ele vai fazer pior: quebrar a sua cara.E, sinceramente, não quero estar perto pra ter que presenciar isso e te levar pra Delegacia de Mulheres.” Ela segurou a onda sem ele por um tempinho mas ele voltou a fazer o cerco implacável até que finalmente conseguiu falar com ela cara-a-cara.E disparou a frase: “ Você é a mulher da minha vida, porra!” sacudindo-a pelos ombros.A pobre não resistiu, suas pernas bambearam e sua força de vontade também, e o pouco bom-senso que ainda lhe restava bateu em retirada.Reataram e eu virei ex-amiga.Talvez por situações como essa que os amigos mais próximos pareçam sempre tão românticos, tão “ é preciso acreditar no amor, dar uma chance...”.

Parece também que o mundo todo anda com esse dilema pois algumas semanas atrás era uma amiga que nos contava suas razões para terminar um namoro com um homem que ainda gostava, a bem da sua própria auto-estima.Apesar dessa nobre motivação, presenciei com a testa franzida amigas em comum em declarações de “ dê mais uma chance ao amor”, como não tivessem ouvido a declaração da principal interessada de que para ficar naquela relação teria que sacrificar seu amor-próprio em nome do amor pelo outro.

A verdade é: esse é o tipo de decisão que não dá pra delegar a terceiros, só você sabe toda a verdade, só você sabe “ a dor e a delícia” de estar naquela relação e portanto só vc vai sentir na pele, em cheio, todos os efeitos da sua decisão.É bom pensar bem ou pelo menos se esforçar para...

No século passado terminei um namoro ainda profundamente envolvida, mas sabendo que esse era o melhor caminho.Tínhamos alguns pontos substanciais absolutamente inconciliáveis, apesar da longa lista de predicados dele.Foi difícil e antes mesmo eu já sabia disso.Tanto que avisei pros meus amigos próximos que ia ficar no chão, que ia precisar deles me ligando, me chamando pra sair, me dando apoio para eu permenecer forte na minha decisão. Qdo terminei, o (ex) namorado me disse: “ Terminar porque se a gente se dá tão bem?!” e eu tinha a resposta na ponta da língua: “ Justamente por isso!” ( Pq sabia que, por conta daqueles tais pontos pra mim inaceitáveis, mais dia menos dia nos engalfinharíamos...era apenas uma questão de tempo.)

Já ouvi relatos de pessoas que não gostam de terminar relações, preferem “ser terminados” e muitas vezes direcionam o parceiro nesse sentido.Acham que quem decide terminar é quem carrega única e exclusivamente a responsabilidade.Não concordo! Ainda mais qdo se faz de tudo para que o outro oficialmente termine, há uma tomada de responsabilidade nisso.Além do mais, qdo um termina, o outro não tem como opção simplesmente acatar.Bobagem, estando num relacionamento, fugir de assumir esse tipo de responsabilidade.Por ações ou omissões sempre uma parte lhe caberá.Se for pra fugir, muito mais eficiente seria fugir preventivamente dos relacionamentos e ir se divertir com umas fazendinhas virtuais que estão na moda, dão muito menos trabalho e distraem a mente... ( Não, ainda não cheguei nesse ponto de desalento...rs)

Outro aspecto importante: NÃO TEM COMO SE FAZER OMELETE SEM QUEBRAR OS OVOS.Terminar, meu amigo, não é mole.Se a tomada de decisão já é complexa, a prática pode se revelar mais difícil ainda! ( e imprevisível!)

Não tenho experiência de fins de casamentos como uma das partes, mas um dos capítulos da minha vida profissional foi no Direito de Família, então já presenciei alguns casos diante de mim. O divórcio mais difícil é aquele em que um dos dois ainda ama e o outro já está em outra.Esse é doloroso e cheio de picuinhas.E, muitas vezes, com os filhos funcionando como armas de ataque ou de defesa.Realmente dramático( e portanto fortemente desanconselhável a difundida prática de só terminar uma relação qdo já se tem outra engatilhada...)

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