Ao povo, a vacina!


Outro dia fui ao posto de saúde tomar a vacina da H1N1. Esperei pacientemente a época de vacinação da minha faixa etária ( a última de todas) e lá fui eu.Ao chegar, me espantei com as filas enormes: uma para idosos e outra para o resto dos mortais de idades variadas.Na fila das idades variadas, vi inúmeros evidentemente fora da faixa que teoricamente deveria estar sendo vacinada: a minha, a dos balzaquianos.

Como não tinha nada mais de interessante a fazer durante a espera (não estava com paciência de ficar ouvindo meus podcasts e também já tinha esgotado meu estoque de amenidades pra conversa de fila com as mulheres atrás de mim), resolvi questionar a funcionária do posto, que já aparentemente não estava lá de muito bom humor...

“- Minha senhora, se a faixa etária a ser vacinada agora é a dos trinta, porque estão sendo vacinadas pessoas das idades mais variadas hoje e criando esse furdunço todo aqui?”

“- Eu que não me meto mais nisso! Veio gente fora da época da faixa etária, nos recusamos a dar a vacina e chamaram até a polícia! Agora neste posto de saúde vacinamos qualquer idade, mesmo fora da época da faixa etária específica. Não estamos aqui para nos chatear... A senhora sabe como é brasileiro...”

“- Sou brasileira, consultei o site do Ministério da Saúde, obtive a informação que a minha faixa etária era de tanto a tanto, e aqui estou na época devida.”

A funcionária reconheceu que eu agia de forma diferente da maioria, fez mais um muxoxo e continuou sua tarefa como um zumbi.

Na minha vez, vi vários funcionários esfalfados numa linha de montagem de seringa na mão, vacinando como robôs, sem nem passar álcool no braço antes da vacina e muito menos- e muito mais grave- sem fazer o procedimento- padrão de falar com o paciente, mostrar se tratar de material descartável, mostrar a vacina e a validade e descartar o material usado na frente dele. Nada disso, a vacinação era conduzida a céu aberto numa área externa do posto, os funcionários com as mesmas luvas atendendo a fila toda sem sequer desinfetar as mãos, nem sequer trocando uma palavra sequer com os pacientes sobre o procedimento. Mal dei por mim e em décimos de segundo já tinha uma agulha que ninguém me mostrou ser descartável (embora acredite que tenha sido) sendo enfiada no meu braço, com uma vacina que tomara que tenha sido a de H1N1 dentro da validade e em ato contínuo fui catapultada pra fora da fila.

Saí me sentindo mal atendida e questionando o sistema e a razão das coisas serem assim. A culpa por esse atendimento pífio não é apenas do sistema de saúde pública, afinal que sistema estaria preparado para atender um número absurdo de pessoas de todas as faixas etárias ao mesmo tempo, qdo a expectativa era para cobrir apenas uma faixa etária específica e mais reduzida?! Detecto individualismo e falta absoluta de planejamento por parte da própria população. Querem se vacinar e vão quando melhor lhes apraz, fim de papo.Porque não se informar e ir ao posto na época certa pra própria faixa etária?! A maioria das pessoas não é capaz de um planejamento tão simples assim, causando um tumulto dos infernos nos postos de saúde e um serviço de pior qualidade pra todos.Who cares?!

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