Entre a razão e a emoção, fico com os dois!

Razão e emoção

Uma amiga terminou o namoro. Segundo ela, faltava o principal: a paixão dele por ela. Sentia atração física e intelectual por ele, mas achava que não era correspondida na mesma moeda. Ou melhor: na moeda que desejava. E isso causava um incômodo que não foi capaz de suportar por muito tempo.

Tentei argumentar que o namoro estava apenas começando, espera aí que as coisas ou se ajeitam ou descambam de vez...mas já era tarde. Num rompante, ela , que supostamente gostava mais e era gostada de menos, terminou o namoro. Ele aceitou sem argumentar. Ela sofreu mais ainda por isso e concluiu, pela reação dele, que estava mesmo certa ao encerrar aquela relação.

Uma das mais valiosas lições aprendi ainda na infância: “ Não aponte uma arma pra ninguém, a menos que esteja realmente disposto a atirar.” Ameaças podem funcionar bem cinematograficamente para prender a atenção do expectador mas, na vida real e em relacionamentos, costuma ser um retumbante fracasso de bilheteria.


Deseja terminar um relacionamento? Primeiramente certifique-se que no momento se encontra realmente capaz disso ( apesar do sofrimento) e só então o faça. Nunca o contrário. Claro que haverá sempre o fator-surpresa, mas faça uma estimativa realista.

Já estive preparada para términos que efetivamente aconteceram como previsto, já estive preparada para términos que no entanto não se concretizaram naquele momento, mas felizmente nunca terminei/ fui terminada sem um mínimo de preparo prévio, atabalhoadamente. Mesmo assim, um término de relação nunca é absolutamente fácil, de se tirar de letra. Sempre há várias dificuldades inclusas, por mais que tenha sido algo refletido e consensual. Pra que piorar ainda mais as coisas agindo por impulso?

Será que as pessoas estão influenciadas demais pela ficção, pelos filmes e novelas, com suas cenas drásticas e dramáticas, com seus arrebatamentos sentimentais que dão Ibope? Porque a razão é frequentemente associada à falta de emoção, à frieza? A razão pura aplicada aos relacionamentos deve ser de um marasmo infinito, mas agir guiada por arroubos sentimentais tampouco é garantia de bem-estar. Cada vez mais me convenço que o equilíbrio ideal leva em consideração razão e emoção simultaneamente.

Voltemos à reclamação da amiga: da falta de paixão do namorado. Segundo ela ( que não é meu alter ego), tudo se passava bem: boa companhia, o sexo também era sempre bom...no entanto, ela sempre incomodada por se considerar mais envolvida do que ele. Num namoro anterior tinha acontecido exatamente o contrário: o namorado de então visivelmente muito mais envolvido do que ela. E também não funcionou.

Já perdi as contas das vezes que ouvi mulheres dizendo que tudo ia bem no relacionamento, exceto o sexo. Faltava pegada- diziam elas. E lamentavam a falta de fogo e paixão. Ou, em outras relações, havia pegada de sobra, mas todo o resto ia de mal a pior.

Claro que o ideal seria um feedback perfeito, com a mesma intensidade de sentimento da outra parte. Mas será que isso é mesmo possível fora do mundo da ficção? Mesmo nas fases de paixão arrebatadora recíproca, nada me tira da cabeça que sempre um gosta mais, está mais envolvido. (E atenção: não necessariamente quem demonstra mais é efetivamente quem está mais envolvido pois há os durões e duronas, que estrebucham de forma minimalista, sem jamais passar recibo.)

Relações oscilam o tempo todo, nunca são estáticas. Mas, quando estão indo às mil maravilhas, queremos que ela assim se mantenham. Impossível. Não adianta espernear: cedo ou tarde o equilíbrio de forças muda. O mesmo vale para quando as relações passam por períodos ruins para posteriormente se recuperar de forma quase que inacreditável, premiando os que tiveram o controle emocional de se manter no leme apesar da tempestade. Essas oscilações inevitáveis podem ser parte da graça, do inesperado, do imprevisível. Ou podem ser um inferno para os que não se conformam com essa realidade.

2 comentários :

Vinícius Monte Custódio disse...

Je n'ai jamais été aussi d'accord avec toi. Gros bise de ton ami. Vini.

Taimemoinonplus disse...

@Vini:

:-)