Rejeição?! Não, obrigada!

Rejeição, um prato de difícil digestão.

Esta semana o Ivan Martins, um dos meus oráculos dos bons temas, escolheu abordar a questão em sua coluna semanal na revista Época ( “ Quando as mulheres dizem não” ). O texto e os comentários dos leitores, copiosos e acalorados, me provaram que, embora relativamente pouco se fale disso tendo em vista sua altíssima incidência, este é um assunto vital para a maioria de nós.

Aqui entre nós: rejeição é dose pra mamute! Até da caixa da padaria que te ignora na fila e continua de costas num papo animado com a colega, é mesmo troço difícil de deglutir.( “ Que acinte!” hehe ) Se como cliente não ser tratado como desejaríamos já é irritante, imaginem então com algum sentimento- mesmo que “apenas” de desejo sexual -envolvido.

Ser preterido é coisa democrática- atinge a todos nós um sem número de vezes durante a vida, seja em família ( aquela típica situação de “Papai e Mamãe gostam mais dos meus irmãos do que eu”), seja na escola (“ Não sou a menina mais linda e popular daqui, infelizmente...”, “ Não sou o garoto mais gostosão, pelo qual todas as meninas suspiram pelos cantos.”, “ Não sou o melhor aluno, paparicado pelos professores e muitas vezes sacaneado pelos invejosos...”.), seja na turma ( “ Não sou o líder, não sou o mais carismático.”, seja na vida profissional ( “ Não, não fui eu o escolhido para a promoção mais uma vez...”), seja, last but not least, na vida amorosa-sexual ( não que ambas as coisas andem juntas atualmente).

Às vezes rejeição dá ódio, às vezes dá nó na garganta. Às vezes, dá vontade de racionalizar ( “ Mas porque não? Porque ela e não eu- nessa promoção, nessa investida amorosa, etc etc...), às vezes causa até- hihihi- vontade de escrever- e de ler sobre o tema. Tema esse que, a essa altura, todos nós aqui já devemos conhecer sobejamente! ( Bom, ou só os que admitirem a verdade...rs)



Apesar de não faltarem oportunidades diárias sortidas para aprendermos a lidar com a rejeição, parece que seguimos pela vida sempre meio capengas nessa habilidade. Será talvez algum chip defeituoso instalado de fábrica e sem direito a recall? Tomara que, num esforço consciente, haja realmente algum progresso possa ser feito!

O tema da rejeição me parece medularmente ligado à resistência à frustração, esta utilíssima habilidade não-nata a ser desenvolvida obstinadamente existência afora.

Lá pelos 4 anos, tentam nos ensinar que não, não podemos comer todos os brigadeiros da festa, e sobretudo antes do parabéns. A gente grita, esperneia, chora e se rebela. Problema fica se permanecemos na mesma esparrela- mesmo que sem dar tanto na pinta- décadas depois AINDA.

Sobretudo em situações afetivas- que ocultam o risco iminente de fazer emergir os lados mais infantis de nossas personalidades- socooooorrooooooooo!

A sedução homem-mulher/ mulher-homem ( a julgar pelo que conheço de mim mesma, as únicas às quais me dedicarei no curso desta existência) vira aquela guerra dos sexos com direito a estratégias, DE AMBOS OS LADOS, acumuladas por reflexo pavloviano, homens reclamando das mulheres e mulheres revidando com vigor. Muxoxos, lamentos, histórias para desopilar nos ouvidos e ombros dos amigos ( e receber apoio: “ Sim, ele/ela é mesmo um/a babaca!” )...

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