Amizade ou algo mais?

Dia desses um amigo comunica estar a fim de uma outra amiga nossa.Faz-se silêncio de alguns segundos e eu me pergunto o que dizer...afinal as opiniões sobre esse tema são sempre tão diversas, como dar conselho?!

Terminei dizendo que ele tinha que descobrir primeiro qual era a posição dela, nossa amiga, pois conheço algumas vertentes sobre o tema:

a) Gente que não se encana com isso e até prefere tal prática.Essas/as me questionam: " Ficar com inimigo/a?!"


b) Gente que evita tal prática, abrindo exceção se achar que vale mesmo a pena.

c) Gente que tem mais medo disso do que o diabo da cruz, o povo dramático do " isso vai estragar nossa amizade!"


Tendo a respeitar as 3 vertentes, afinal " cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", mas prefiro a opção moderada; a do centro.Nem 8, nem 80.Nem tudo, nem tão pouco. O caminho do meio, como indicava Buda...rs

Deve ser um inferno absoluto se descobrir gostando de alguém, além da amizade, e achar que não se deve expressar ou vivenciar tais sentimentos sob pena de " perder a amizade". Amizades próximas ( entre pessoas do mesmo sexo ou não) são em bem menor número do que indica nosso número de contatos sempre crescentes nas redes sociais.Portanto, prezo muito minhas amizades e não é nada do meu feitio misturar alhos com bugalhos. Sempre gostei de situações categóricas, nunca das híbridas ou sempre mutantes.Sou do tipo que prefere dar os nomes ( certos) aos bois.Ou bem me sinto amiga, ou bem quero algo mais, não costumo ficar na dúvida.Mas não vejo motivo algum para, se ficar a fim de um amigo e vislumbrar que aquilo pode ter algum futuro, saber me fazer entender.

Por outro lado, sou completamente contra usar algum amigo homem- pelo qual não me sinta atraída física e emocionalmente-como suporte em momentos de carência ou maior fragilidade emocional.Não, mesmo que algum se prontifique a servir de objeto, "gentileza" bastante comum entre a maioria dos homens.

Se continuar firmemente nessa linha, provavelmente nunca descobrirei as vantagens que me relatam das amizades coloridas...(Tá bom que amizade colorida é um termo anos 70, hoje em dia a modernidade nos fala bem mais de fucking friends e variações...).

Já namorei amigo sim, após convívio próximo diário e harmonioso de 5 anos na faculdade.Sentávamos sempre juntos, estávamos sempre juntos, fazíamos todos os trabalhos juntos, trocávamos dicas de estudo, ajudávamos um ao outro, como dupla de amigos éramos um sucesso, funcionávamos muito bem.

Sempre resisti às investidas dele.Todo mundo na turma jurava que tínhamos um caso e, no entanto, a verdade absoluta ( e inverossímel) era que nada jamais tinha rolado entre nós.Achava que éramos muito diferentes e que algo além da amizade não teria muito como vingar.Além disso, com a minha velha teoria de que sempre sabemos como as relações começam mas jamais teremos certeza de como terminam, confesso que tive pânico de tentar algo durante a faculdade.Vai que algo não apenas dá errado, mas dá MUITO errado? E depois, ter que conviver com o camarada mais anos na mesma turma? Namorado da mesma turma é como ter algo com o vizinho: melhor evitar, vai que...dá M.?! Naquela época, aos 18-20 anos, não me sentia nada preparada para bancar aquilo.

Um belo dia, a faculdade termina e resolvo: bom, melhor tirar a dúvida, né?! Imagina aquilo me perseguindo a vida inteira?! Imagina o povo da turma me perguntando daqui a 20 anos: " cadê fulano, eu sempre achei que vcs eram feitos um para o outro?!" rs

Como é bem sabido, as coisas JAMAIS saem como planejado, exatamente como no fim de semana em que resolvo passar na rede de vôlei dele na praia, chamar pra tomar uma água de côco e conversar: chego lá, ele vem me cumprimentar e dali a pouco me fala: " Ah, Ana, deixa eu te apresentar a minha nova namorada, a fulana!" e chamou uma garota que eu, objetivamente ou não, julguei não chegar aos meus tornozelos.Mas gosto não se discute e quem era eu pra questionar ou me meter no meio de uma relação já iniciada, eu que nunca tinha tido coragem de correr o risco, apesar das investidas dele?! Fiquei ali alguns instantes, com cara de tacho e sorriso amarelo pensando " Caraca, logo agora?!" Dei uma desculpa e saí caminhando, mas com a cabeça dando pinotes.


Achei melhor deixar rolar, se já havia esperado 5 longos anos, podia esperar um pouco mais.A amizade continuou, mais distante tanto porque já não nos veríamos todos os dias na faculdade, como pelo novo namoro seria natural que ele se afastasse.A namorada- ele dizia- morria de ciúmes de mim.Nossos amigos da faculdade sabiam e davam risadinhas da namorada ciumenta em eventos sociais em que nós todos nos encontrávamos.Ele achava graça, mesmo sem saber que na verdade, o ciúme já estava sendo recíproco.

Fui vivendo minha vida mas de forma meio presa, me perguntando: " Vai que ela engravida, eles casam e eu nunca mais tenho a chance de tirar a prova se realmente éramos compatíveis?!" Ou vai ser daqueles casos em que as pessoas se reencontram 30 anos depois pra tirar a prova dos 9? Não, não queria isso, mas me parecia sacanagem chegar e me meter no meio da relação dele.

Esperei.Um dia o namoro acabou e fomos tentar.Tentamos e tive certeza de que timing é das coisas mais essenciais nas relações homem-mulher.Às vezes, seja lá pq motivo fôr, vc perde o bonde e a verdade é que nunca mais consegue pegar o bonde com aquela mesma pessoa. "Quem avisa, amigo é...".

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